terça-feira, 16 de março de 2010

Por um mundo justo!


Qual é o mal que uma criança pode fazer a qualquer pessoa? O que explica tamanha impaciência e falta de amor?

Como já contei para pessoas mais próximas, eu e minha família presenciamos uma situação delicada e triste. Pois bem, ninguém agrediu fisicamente, mas as feridas que uma mãe deixara na criança, digo feridas no coração, no sentimento, foi visível aos "olhos" de todos que estavam ao redor na praia de Ipanema, no último fim de semana.

Estava com meus irmãos e minha irmãzinha mais nova, de três anos, quando essa menininha se aproximou, como qualquer outra criança, para brincar com a Lê (minha irmã). Então brincamos com as duas crianças na praia, naturalmente.

Enquanto a mãe da menininha chamava, gritava e a puxava como um boneco, ela sempre assustada e muito sapeca, corria. E a mãe de costas. O que me fez pensar e refletir muito foi quando essa menininha teve que ir embora com a mãe. Ela não queria de jeito nenhum. Agarrara a perna do meu irmão primeiro. Nesse momento eu estava pegando sol, sentada, na canga, conversando, sem perceber a gravidade que aquilo representava. Ao tirar a menininha das pernas dele, ela soltou dos braços da mãe e veio em minha direção e sentou no meu colo. Agarrou meu pescoço e pediu para ficar. E dizia: - Eu não quero ir embora! Quero ficar aqui! (repetia com aquela voz de quem aprendeu a falar há pouco tempo).

Em meus 19 anos nunca tinha presenciado isso. Fiquei chocada querendo levar aquela criança para a minha casa. Ao mesmo tempo, confesso que tive medo de questionar aquela mãe, ela tinha boa altura e uma voz forte. Não sei como posso me julgar. Infelizmente, vivemos numa sociedade desigual. Desigualdade educacional, de princípios e valores que destroem qualquer relação, inclusive de mãe e filho. Relação essa que deveria ser a mais amável e divina. Não sei como é a vida dessa mulher que teve essa menininha. E nem como será a dessa menininha. Mas vendo esse tipo de atitude e de medo dessa criança, pensei: nós julgamos tanto a vida das pessoas, mas nunca pensamos como teria sido a vida dela quando criança. Na fase de formação, onde a atenção é fundamental e o amor e o carinho estão diretamente ligados a essas questões.

Eu me senti incapaz, de mãos atadas. Por toda a impunidade e crueldade que existe nesse mundo. De óculos escuros, não consegui conter as lágrimas, não era de pena, mas de incapacidade, de não poder ajudar e resolver. Uma criança começando a vida, tudo poderia ser diferente se fosse criada da melhor maneira possível. Ver que o mundo é cruel e injusto é muito triste. Mas só sentimos isso quando vemos de perto, de verdade, a ponto de você achar que pode mudar aquela situação, mas infelizmente não pode, ou não pude, não sei.
O NÃO a injustiça! Nenhum ser humano merece nascer e viver nessas circunstâncias, precisamos de AMOR!

Pense nisso e não se renda.

Camila Barreto