Para nosso trabalho de Jornalismo Impresso I, fui encarregada de fazer uma entrevista com alguém que pudesse falar um pouco da França, já que nosso tema é o "ano da França no Brasil".
Até que meu amigo de trabalho Ralph, me ajudou dizendo que há alguns anos, uma senhora cabofriense comemorava junto ao seu marido, todo dia 14 de julho, o "Dia da Bastilha" aqui em Cabo Frio.
Me interessei muito pelo pouco que já sabia e resolvi ir atrás de uma pessoa muito comunicativa, versátil e inteligente, como notei logo nas primeiras palavras conversadas, Yone Nogueira.
A conversa não durou nem meia hora, e foi suficiente para captar parte de sua história, interessantíssima, diga-se de passagem...
ENTREVISTA COM...
“Uma senhora de alma francesa”
Nascida e criada em Cabo Frio, Yone Nogueira, de 80 anos, é de família tradicional cabofriense, hoje reside na avenida construída por seu avô Joaquim Nogueira, nome de uma das localidades mais conhecidas da cidade. Graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), conseguiu bolsa para se especializar em geomorfologia na França, e em seguida especializou-se em história hispano-americana na Espanha. Anos depois, voltou a Cabo Frio para trabalhar como professora, como sempre sonhou. Ministrou na Escola Estadual Miguel Couto por mais de 20 anos e foi uma das fundadoras da Ferlagos (Fundação Educacional da Região dos Lagos). Apaixonada pela cultura francesa, conheceu o “Albergue da Juventude” na França, quando resolveu montar uma estrutura similar em Cabo Frio. Chamado “Muxarabi” (modelo arquitetônico árabe, que significa “portas abertas”), o albergue já existe há 30 anos. Em entrevista, ela conta os motivos pela paixão e a relação com o país que a fez comemorar durante anos, o Dia da Bastilha (14 de julho) um dos dias de maior importância na França, aqui em Cabo Frio.
– Como surgiu essa relação com a França, de amor e admiração pelo país?
- Todo mundo tem duas pátrias, a minha é a França. Já ouviu falar nessa frase? (risos). Há 50 anos, fui bolsista e me especializei em geomorfologia na França. Ao todo morei na Europa durante quatro anos, de 1955 a 1959, três na França e outro na Espanha, onde fiz outra especialização de história hispano-americana. Minha história com a França é particular. Eu e o meu marido estudamos lá muito antes de nos casar. Ambos apaixonados pelas riquezas daquele país, a partir daí nunca mais deixei de visitá-lo e me apaixonar cada vez mais por sua cultura extraordinária.
- E as comemorações sobre o Dia da Bastilha, como se deu aqui em Cabo Frio?
- O Dia da Bastilha é muito significativo tanto na França como em todo o mundo por seu contexto histórico mundial. Na França, o respeito, admiração, o patriotismo daquele povo me contagiava. Uma vez, fiquei impressionada com a moça que ao ouvir o hino francês levantou-se na cadeira, pôs sua mão direita no peito e cantou emocionada.
Como disse anteriormente, essa admiração me contagiou, e desde então nunca mais parei de comemorar em Cabo Frio o Dia da Bastilha, que é todo dia 14 de julho, além de outros eventos que fazíamos na cidade. Sempre que posso vou a França no dia 14 de julho para ver a festa, é muito bonito.
- É verdade que vocês faziam outras manifestações de amor à França?
- É sim. Além do Dia da Bastilha, comemorei os 200 anos do fim da Revolução Francesa, em 1989. Não imaginávamos, na época, que seria tão divulgado pela mídia, nós recebemos franceses de muitos lugares, muitos deles vieram de Búzios comemorar conosco. Foi muito marcante, pois não esperávamos tantos. Durante muitos anos, nosso clube chamado “Vive la France”, reuniu pessoas interessadas pela França como eu e meu marido. Lá trocávamos experiências, falávamos francês de maneira informal, encontrávamos professores e comemorávamos sempre que podíamos.
- Essas comemorações e encontros ainda acontecem?
- Já faz um ano que não comemoramos o dia com festa e reuniões, mas sempre coloco a bandeira da França aqui em casa para homenagear o país, pelo qual tenho esse imenso respeito e carinho.
O Albergue “Muxarabi” está localizado na rua Leonor Santa Rosa, nº. 13 no bairro Jardim Flamboyant.
